Moleskine
No topo da minha lista de invenções mais fúteis figura o bolso da camisola do pijama. Ultimamente, tenho-me interrogado se o Moleskine não o terá já ultrapassado. Agora é moda. Anda aí uma verdadeira praga. Estes fenómenos são cíclicos. Acho particularmente piada aos pseudo-intelectuais de esquerda. Alinham nestas modas que, ironia das ironias, mais não são do que ditadas pela febre consumista que tanto criticam. Quem é que precisa de um elástico no caderno? Será que, quando a porta do café Tropical se abre gera tamanha corrente de ar que ameace fazer esvoaçar as folhas dos cadernos que repousam nas mesas? Se esta malta começasse a aproveitar os elásticos da roupa interior já puída para adornar os cadernos talvez, então, poupasse uns trocos para doar ao 3.º mundo.
Agora, a febre também chegou à minha faculdade. Quase todos os meus colegas têm um moleskine no qual anotam religiosamente marcações de consultas e telefones de pacientes. É cool! Normalmente a razão que os leva a comprar um moleskine é a de que "o Van Gogh, o Picasso e o Hemingway tinham um". E eu a pensar que me responderiam que foram motivados pelo Indiana Jones. Pena terem optado pelo moleskine. Deviam antes ter cortado uma orelha. E quando se fala de Van Gogh o que me ocorre não são os seus Auto-retrato, Doze girassóis numa jarra, Dois ciprestes, ou Noite estrelada. O que me vem imediatamente à memória é a Telma, minha colega no secundário. Tendo certo dia a professora de Português informado que Van Gogh era esquizofrénico, a Telma, muito admirada, retorquiu "Stôra, mas o Van Gogh não era pintor?"
No fundo, eu acho que toda esta maralha pratica sexo com cadernos e sempre é melhor foder com um moleskine do que com uma sebenta "firmo".
1 Comments:
Este texto está uma bela codorniz!
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