sábado, outubro 21, 2006

E agora... Buzino? O que é que eu faço?

Aconteceu-me já, por inúmeras vezes, contornar a rotunda da última estrada que dá acesso ao local onde tenho aulas e ficar colocado na fila de trânsito justamente atrás do carro de um qualquer colega de curso. Tento sempre passar despercebido. Finjo procurar qualquer coisa no porta-luvas, olho para o passeio, assobio para o ar, mas, mais segundo menos segundo, sou descoberto pelo condutor da frente. Mesmo que daí a 2 minutos estejamos a estacionar o carro à porta da faculdade e nos possamos cumprimentar devidamente, o cumprimento dentro dos carros é sempre mais efusivo. Na maioria das vezes recebo uma apitadela (o que é sempre bom, principalmente às 8h). Outros há que esbracejam ou acenam através do retrovisor do seu carro fazendo uma carantonha, cheios de energia, como que se tivessem tomado um chocolate com extra glucose ao pequeno-almoço. Nestes casos, sinto sempre que tenho que me mostrar tão ou mais entusiasmado, caso contrário, os meus colegas de curso poderão sentir-se desiludidos com o meu parco cumprimento. Se acontece a pessoa meter a língua de fora, sinto-me coagido a, pelo menos, meter o dedo no nariz. A alguns aproveito para fazer um pirete. É uma grande oportunidade e não levam a mal porque, dentro do veículo, as regras do socialmente correcto perdem toda a relevância.
Há também aqueles gajos que se nota perfeitamente que estão a tentar comunicar verbalmente connosco e esperam a nossa resposta, mesmo que existam dois vidros a separar-nos. Vêmo-los a mexerem os lábios, mas é difícil compreendê-los. A estes, quando depois os encontro, já fora do carro, digo-lhes que tinha o volume do auto-rádio no máximo. Acho que, nesta idade, já não vale a pena explicar-lhes que é impossível tentar falar com 2 vidros a separar-nos.


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