segunda-feira, janeiro 22, 2007

Os marialvas

Ultimamente, o que de mais enfadonho me pode acontecer é ter que ficar à conversa com um grupo de elementos do sexo masculino no final das aulas ou de uma partida de futebol. As conversas que se seguem a qualquer uma destas actividades descambam, muitas vezes, em assuntos que nunca me disseram muito e que me dizem cada vez menos.
O ambiente de balneário que precede uma partida amistosa é deveras peculiar. Normalmente, todos os anos tento fixar uns dias por semana para jogar futebol. É um dos meus prazeres. Este ano, foi-me difícil. Jogo apenas à 2.ª feira com um grupo de Medicina, do qual inicialmente conhecia apenas três indivíduos. Os primeiros tempos foram, como se sabe, de parca troca de palavras. Era cada um pagar os seus 2,5 eurinhos, tomar o seu banhinho, se não fosse tomá-lo a casa, para aqueles que têm mais pudor em mostrar os genitais a gente desconhecida (nestas situações, nunca tive qualquer problema porque joguei basket desde os 12 anos e, confesso, quando desisti - do basket, não de tomar banho -, foi estranho meter-me na banheira sozinho, tão habituado que estava a ir para o chuveiro com os camaradas, qual penitenciária). E não me venham com a conversa do “ó Moreira, apanha aí o sabonete”. Eu já sou do tempo do gel de banho.
Bem, mas tudo isto para dizer que, inicialmente, eram poucas as palavras trocadas findo o jogo. Um seco “até p´ra semana”, terminado o duche e mais nada. Claro que o homem é um ser social e, com o tempo, alguns até já vão dando umas calduças num ou noutro companheiro que lhes fez uma brilhante assistência durante o jogo e começam a partilhar-se vivências. Falo bem com toda gente, mas, claro, não quero ombrear com a confiança que os meus companheiros de bola demonstram ter uns para com os outros, pertencendo a maioria, inclusive, à mesma turma. Eu continuo a ser aquele gajo de Dentária, porreiro, mas cujo maior interesse ali é, sem qualquer sombra de dúvida, jogar à bola à 2.ª feira e fintá-los a todos, se possível :).
No entanto, começam a destacar-se no seio do grupo os primeiros marialvas. Não vou dizer que sou um santo, mas não consigo ser ordinário quando me refiro a mulheres. Terei algum problema? Alguns destes meus colegas de bola – de alguns dos quais até conheço as namoradas – não sei se inflamados pelos elevados níveis de testosterona que se verificam no final de uma peladinha, começam a manifestar-se com expressões do género: “Viste hoje as mamas da nossa colega russa? Ela meteu silicone de certeza. Se a apanhasse a jeito é que era!”. Isto faz-me confusão, decididamente. Se está assim tão apanhado pelos seios da colega russa, ao ponto de até o confessar perante mim, que sou um gajo que mal conhece e que não quero saber da vida dos outros, por que é que não deixa a namorada e vai atrás deles? Quando os encontro em qualquer local acompanhados pela respectiva e “suposta” cara-metade, só me apetece perguntar-lhes “que tal vai o par de mamas da tua colega russa?”. Será que isto é gente que não vive de acordo com o tudo e o nada? Têm medo de se entregar completamente a uma pessoa e, como tal, refugiam-se no par de mamas da colega russa, não vão as namoradas perceber que são uns palermas e pô-los a andar? Não digo que um gajo que assuma uma relação tenha que assinar um atestado médico em que afirma que, daí em diante, se tornará cego. Nada disso. Mas será necessário falar de forma ordinária acerca do sexo oposto? Será que não lhes passa pela cabeça que a colega russa poderá ter namorado, alguém que a ame e que, com toda a certeza, a sua individualidade não se resume a um par de mamas? Será que esta malta namora apenas para não se sentir sozinha? Será que não têm qualquer ensejo de partilha ou de cumplicidade?
E depois, desconfio que são estes marialvas que vão votar NÃO no referendo do aborto, por nenhuma razão válida. Apenas porque não revelam qualquer tipo de respeito pela mulher. É-lhes completamente indiferente, desde que elas existam para irem podendo dar azo à sua ordinarice e afirmação entre os seus pares. E também me revolta que haja mulheres que os aturam. Por acaso, tenho curiosidade em conhcer as "conversas de casa-de-banho" destas últimas. Espero que estejam bem uns para os outros.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Isso para mim é conversa, laringe. Revela imaturidade (o síndrome de peter pan) e uma certa necessidade de afirmação testosterónica. Quando chegam a casa são autenticos puppies para as namoradas ou então, quiçá, são aqueles que suspiram enquanto olham pelo canto do olho para as vossas costas bem torneadas... Desconfiem :P*

3:43 da manhã  
Blogger Schweinstein said...

olha...e quando eu te esfreguei a pila no rabo depois do jogo em Sangalhos?
AH POIS É!
:)

5:00 da tarde  
Blogger A said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

9:01 da tarde  
Blogger A said...

concordo com o que foi dito, principalmente pelo gozão. apesar de não ter estado lá, parece-me um situação perfeitamente plausível e exequível.
as acho que também há por aí muito rapaz enganado.

felizmente sempre fui fiel a mim próprio, nunca escondi o que era... perfeito :p

9:04 da tarde  
Blogger Baião said...

Essas esfregadelas no rabo do moreira tao agora a começar a fazer efeito...

2:26 da tarde  
Blogger Schweinstein said...

a, devo avisar-te que a mesma mao que segurou o meu mastro viril também esteve em contacto com a tua mao...anos mais tarde ;)

4:33 da tarde  
Blogger A said...

o josué? eu sabia...

11:58 da tarde  

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