Sou mais uma peça da engrenagem

Há três coisas a quem ninguém escapa: ao Chuck Norris, à estupidez humana e ao Código Da Vinci.

Pois é, ofereceram-me o Código Da Vinci. Fui cínico até à raíz dos cabelos. Lá balbuciei um "Que bom! Obrigado. Ainda não tinha" e tentei manter um sorriso. Este livro é uma autêntica máquina em manobra. Bem que lhe tenho escapado, mas ele dá voltas e voltas e acaba por entrar-me em casa desta forma, como que a rir-se de mim. A vida é mesmo irónica. Agora, só falta alguém lembrar-se de me oferecer a discografia completa do Tonny Bennett ou do Richard Clayderman. Preferia mil vezes que me tivessem dado um pisa-papéis ou umas meias com raquete. Pelo menos teriam sido apenas prendas de mau gosto. Ofercer o Código Da Vinci a um gajo é que não. Isso é uma declaração de guerra. É não nos reconhecerem qualquer tipo de gosto e pensarem "se 4 milhões leram isto, ele também deve gostar."

Para já, coloquei o livro isolado numa prateleira. Não que seja uma mordomia que lhe concedo, colocando-o em lugar de destaque; apenas não quero que me contamine os outros livros. Aquela merda pode pegar-se. Talvez ainda acabe por o colocar ao lado da Bíblia que a minha mãe guarda aí numa estante qualquer cá de casa.

De qualquer modo, amanhã de manhã vou logo cedo por um anúncio nos jornais: "Vende-se Código Da Vinci. Como novo."