O meu alibi

Cortei o cabelo. Quer dizer... cortaram-mo. Foi o resultado de um intrincado jogo sexual durante o qual, a páginas tantas, deitado de barriga para cima na cama redonda com lençóis de cetim rosa-choque, observei o meu novo penteado no enorme espelho que revestia o tecto do quarto e pensei, enquanto fumava um cigarro, "Foda-se! De onde é que apareceu a tesoura! Bem, antes isto. Pelo menos não me enfiou o dedo no cú".

Obviamente, não se passou nada disto. Tudo aconteceu numa manhã comezinha com as mãos do barbeiro a passearem-se-me nos outrora cabelos longos, enquanto me falava do seu Benfica, do mau-estar geral do país e de como era vigoroso nos seus tempos de mocidade. Enfim, medonho! Já que tenho que viver com este penteado até o cabelo voltar a crescer, pelo menos, deixem-me fantasiar e acreditem que o meu new-lookresultou de um acto sexual libidinoso.