sábado, junho 23, 2007

Santos populares

Esta época do ano foi das primeiras a revelar-me que sou um verdadeiro imbecil. Não é por causa dos exames. É por causa dos manjericos. Por esta altura, era costume a minha mãe trazer sempre um para casa e fazia questão de avisar previamente que se o quiséssemos cheirar deveríamos acariciá-lo, sorvendo depois o seu cheiro da palma da nossa mão. Não sei porquê, talvez por inconscientemente me sentir detentor de um super-poder no simples gesto de encostar o nariz ao manjerico, snif, snif, "now you die motherfucker!", acabava sempre por me constituir no carrasco do manjerico, ano após ano. Devo ter roubado a vida a 4 ou 5. E estou a cumprir pena. Agora sou alérgico ao pólen de uma merda, que são as gramíneas e ando a tomar vacinas e tudo, sem direito a enfermeira boa a picar-me o braço. Nada disso, a senhora até é manca, mas pelo menos também não é um preto de dois metros a passar-me o algodãozinho com álcool no braço antes da injecção e a perguntar-me no final "doeu muito?". Também é de realçar que não fui condenado à modalidade de administração de vacina na nádega! Acho que isso é só para reincidentes, para pirómanos e para o Tenente-coronel Kilgore, do Apocalypse Now, que mandava queimar as selvas vietnamitas com napalm e no fim da guerra foi condenado porque o gajo do "Minuto Verde" da Quercus lhe moveu um processo no Tribunal Penal Internacional, tendo apresentado como prova o DVD do filme que veio grátis com o Diário de Notícias. Bem, o que é certo é que nunca me apresentaram uma razão científica para um manjerico mirrar desta maneira. Também nunca a procurei. Não é que orgulhosamente me sentisse um super-herói por roubar a vida à pobre planta apenas com o poder da inalação, mas é certo que na banda-desenhada existem super-poderes bastante mais estúpidos. De salientar que até o meu cão, que se passeia por casa sempre de nariz no ar, nunca se chegava ao manjerico e de todas as vezes que eu encostava o nariz à planta também nunca me pareceu que tivesse alçado sobre ela a pata. Para azar o meu, o canito sempre esteve ilibado.


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