Obviamente, demito-me!

Caros colegas, anuncio-vos o fim da minha participação neste blog. O Devaneios de Gozões começava agora a ser badalado e a conhecer o caminho do sucesso mas, como já o Jorge Palma dizia “a sorte nunca vem só quando bate à nossa porta”. Está em marcha uma campanha negra, perpetrada pelo jornal “Tal&Qual”, visando atentar o bom nome da minha pessoa.
Tive conhecimento, através de fonte próxima da redacção do jornal, que o “Tal&Qual” pagou bom dinheiro por fotografias que me comprometem. (Já agora, quem quer que seja o traidor, bem que me podia pagar um copo porque enriqueceu à minha custa). Como homem recto que sou, e embora saiba que esta campanha só está em marcha porque começo a ocupar o lugar de destaque que é meu de inteira justiça, não vou negar o conteúdo dessas fotografias. Lamento apenas que, em Portugal, a inveja não permita que um indivíduo atinja a notoriedade.
Essas fotografias apanharam-me em práticas abichanadas e, embora o tenha tentado ocultar ao longo de todos estes anos, sinto-me agora colocado entre a espada e a parede. Escolho a espada e afirmo: sou uma bichona.

Nunca, até hoje, o tinha admitido mas, por outro lado, também nunca escondi certos dados que indubitavelmente me comprometem. Vocês é que, talvez por serem meus amigos, nunca pensaram que eu pudesse ser uma bichona. Se não vejam: tenho um caniche desde os 12 anos, mascarei-me três Carnavais consecutivos de marinheiro, já tive oportunidade de ir para a cama com a Isabel Figueira e recusei, usei durante muitos anos risco ao lado, sou magrinho, bem parecido e tenho um relativo sucesso junto do sexo feminino, comovo-me sempre que vejo o E.T. (aquela cena em que o pequenito extra-terrestre ergue o seu dedo indicador luminescente e balbucia “E.T. phone home” leva-me às lágrimas), o Liedson é o meu jogador preferido, sou sempre o primeiro a saltar para a pista de dança quando o DJ debita “YMCA”, “Macho Man”, ou outros clássicos dos Village People, por vezes tenho um sonho em que entro no Blue Oyster Bar do Academia de Polícia, ouço aquela música (tã nã nã nã nã nã, não sei se tão a imaginar) e sou rudemente tomado nos braços por um robusto motoqueiro que me convida para dançar. Nas noites em que tenho esse sonho, tenho também um outro em que sinto as nádegas a tremer. (Não sei se será coincidência). Admito, igualmente, que lavei a louça 3 ou 4 vezes na vida e sei cozinhar. Raramente chamo nomes ao árbitro quando estou a ver futebol e, se o faço, é só para que as pessoas que estão ao meu lado não desconfiem de nada. (E mesmo assim, nunca lhe chamo mais do que “sua bichona!”). Numa outra altura, e deste acontecimento o Baião é testemunha, por ocasião do aniversário de uma amiga, voluntariei-me para ir à tabacaria comprar a “Playgirl” que posteriormenre lhe oferecemos como prenda de aniversário.
Já que me estou a confessar e a minha reputação está irremediavelmente arruinada, devo também dizer a todos aqueles com quem já partilhei os chuveiros dos balneários de uma qualquer instituição desportiva: sim, eu deitei-vos uma espreitadela.
Não esperando que, de hoje em diante, continuem meus amigos, quero, no entanto, salvaguardar-vos de possíveis associações com o meu nome. Como tal, cesso a minha colaboração neste blog. Nem poderia continuar a colaborar com um blog machista, sob pena deste sair desacreditado perante os seus leitores. Contudo, não posso é mudar uma coisa: muitos de vocês aparecem nas fotografias da minha desgraça. As minhas desculpas.
“I will survive”.

Fotografias gentilmente cedidas pela Diana