Pois é. Eu prometi que não iria descansar enquanto não encontrasse o verdadeiro autor do atentado ao urso do Parque Verde do Mondego e cumpri. Se bem me lembro, acho que até afirmei "Onde quer que estejas, vou caçar-te", bem ao estilo de George W. Bush. No entanto, não precisei de mandar tropas para o Afeganistão nem de bombardear meio mundo. Eu mesmo me incumbi da missão e estive duas semanas ausente. Parti com um cantil de água, uma faca de mato, um pacote de Sugus de laranja e um cartão do Psicológico com um hamburguer de oferta (eles têm uma roulote em todo o lado). Também usei uma fita para o cabelo porque a minha madeixa teima em cair-me para a frente dos olhos (e isso é chato quando se tem que perseguir bandidos). Enfim, todos viram o Rambo!
No bolso levei o número de telefone de umas quantas informadoras/intérpretes que recortei da secção de anúncios do Diário de Coimbra. Mas não me deram dicas nenhumas. Acabei apenas por ter sexo casual com todas elas. Afinal de contas, quem raio vai confiar numa mulher quando está em causa capturar o malfeitor do urso? Houve uma que quis ser a minha "Bond Girl", mas eu disse-lhe "põe-te é a milhas pá! Se de todas as vezes que fodermos gritares tanto como gritaste há bocado sou apanhado em qualquer missão secreta".
A caminho, passei ainda pelo Ingote. Não porque suspeitasse que alguém de lá estivesse directamente envolvido no incêndio, mas apenas porque acho que é no Ingote que vive o gajo que forçou a entrada no meu peugeot 106 e gamou o auto-rádio. Parti aquela merda toda! Foi um bocado como o Bush no Iraque à procura das armas químicas, mas só encontrou petróleo.
Eh pá, e como não vou estar aqui a relatar tudo o que se passou nestas duas semanas, vamos directos ao assunto. Passadas duas semanas estava eu na Índia. Pois é, vejam lá, na Índia! E fui sempre a pé! Ainda falam de ir a Fátima! Isso é pa meninos. Era gajo pa lá ir e voltar em 2horas, mas não tenho tempo, ando entretido a salvar o mundo. Bem, mas adiante. Andava eu pela Índia a interrogar pessoas à força e a raspar-lhes aquele sinal vermelho que têm na testa para conseguir distinguir os nativos dos gajos infiltrados.
Às tantas, dei de caras com um filho de um primo do avô do monhé que anda aqui por Coimbra a vender flores. Achei muito estranho. Na parede da casa dele estavam desenhadas as torres gémeas de Nova Iorque, a planta dos metros de Londres e de Madrid e o Urso do parque verde de Coimbra. Mais intrigante ainda, por cima tinha-lhes passado uma cruz de alto abaixo. Dei-lhe porrada e gritei-lhe "tu és um malfeitor, tu és um malfeitor" (sim, porque eu sou um gajo mau e na minha cabeça só pairava a imagem do urso incendiado e a sede de vingança). Quando a cabeça dele já parecia um melão o gajo confessou que o monhé que vende flores em Coimbra estava envolvido no incêndio do urso.
Parece que esse gajo pertence à Al-Qaeda e o urso foi mais um alvo. Mas, surpresa das surpresas é o que vos vou contar a seguir. O gajo das flores (chamemos-lhe Monhé) tinha em mãos a missão de incendiar o urso e usou o seguinte estratagema. Certa noite, encontrou o Guedes. O Guedes, notoriamente embriagado, dirigiu-se-lhe nos seguintes moldes "quanto é que queres pelas flores?" (como o fazem milhares de estudantes de Coimbra, numa atitude galhofeira). Ora, o Monhé deu-lhe uma flôr a cheirar. A flôr continha um químico que atordoou o Guedes. De seguida, o Monhé deu-lhe para a mão o isqueiro que produz choques eléctricos e terminou hipnotizando-o com aquele sapo que deita a língua de fora. O acto estava prestes a ser consumado. De seguida, ordenou ao Guedes que incendiasse o Urso. O Guedes assim fez.
Está deslindado todo o caso.
Parece também que é prática comum do Monhé sodomizar as vítimas durante o processo de hipnotismo. No entanto, não consegui apurar se tal sucedeu com o Guedes. Talvez não. O Monhé devia estar com demasiada pressa para incendiar o urso.